A sociedade secreta é um
estagio intermediário no caminho da individuação: confia-se ainda a uma
organização coletiva a tarefa de ser diferenciado por ela, isto é, ainda não se
compreendeu que é tarefa do indivíduo ficar de pé, por si mesmo, e ser
diferente dos demais. Todas as identidades coletivas, quer se refiram a
organizações, profissões de fé relativas a tal ou qual ismo, etc., ameaçam e se opõem ao cumprimento dessa tarefa. Essas
identidades coletivas são muletas para os paralíticos, escudos para os
ansiosos, divãs para os preguiçosos, recreio para os irresponsáveis, mas também
albergues para os pobres e fracos, o porto protetor para os náufragos, o seio
das famílias para os órfãos, a meta gloriosa e ardente desejada para os que se
extraviaram e se decepcionaram, a terra prometida para os peregrinos
extenuados, o rebanho e o cercado seguro para as ovelhas desgarradas e a mãe
que significa nutrição e crescimento.
Jung, Memorias, sonhos, reflexões p. 296
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