sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Quanto maior o contato com a natureza, mais nos aproximamos da essência...


Em janeiro de 2015 tive o privilégio de poder voltar à rota Bolívia e Peru pela segunda vez, que é um percurso bem comum na agenda de muitos mochileiros. Nessa nova jornada fiz algumas coisas que deixei de realizar em minha primeira ida em janeiro de 2008, como por exemplo, de conhecer a Isla Del Sol no lago Titicaca (que está do lado da Bolívia na cidade Virgen de Copacabana [nome esse que deu o título a nossa bela praia do litoral carioca]) como também a vivência de quatro dias e três noites na trilha Inca, até atingirmos o ápice no vale sagrado dos Incas em Machu Picchu e assim poder finalizar com a subida de mais ou menos uma hora na montanha Huayna Picchu que está 2.720 metros acima do nível do mar.

A Isla Del Sol é sagrada para a cultura Inca onde se encontravam os santuários das "vírgenes del sol", dedicado ao Deus Sol e hoje vivem nela tribos indígenas de origem Quechua e Aymara. Para chegarmos a isla pegamos um barco que leva em média uma hora e meia até a região norte da ilha. Ao desembarcarmos tínhamos a opção de voltar no mesmo barco ou caminhar os 8 km até o lado sul que leva umas três horas, nossa escolha foi de seguir caminhando esses belos quilômetros para poder conhecer sua natureza. O caminho é bem tranqüilo, e sua natureza é de uma beleza rara que ao avistarmos o lago Titicaca com seu azul turquesa que se misturam as montanhas, da uma sensação que até parece que estamos de frente a um grande quadro pintado a céu aberto, uma visão surreal e linda, que tínhamos como conseqüência da trilha as playas desertas e alguns vilarejos, que volta e meia se via um nativo que ao perceber nossa presença evitavam qualquer tipo de contato.

Fazer a trilha Inca era uma idéia que eu já alimentava há seis anos, tempo esse que se faz desde a primeira vez que percorri esse trajeto entre Bolívia e Peru. Para poder caminhar na trilha é preciso ter a consciência sobre alguns requisitos como: familiaridade com a natureza, disposição, alimentar bons pensamentos, espírito de equipe, paciência, força interna e externa, bom humor, livre de vaidade, dentre outros aspectos que estão ligados ao que nos venha tirar de nossa rotina. Caminhávamos durante o dia, a partir das seis da manhã até o final da tarde, exceto o segundo dia que nos exigiu uma subida de mais de cinco horas com infinitos degraus, até atingirmos 4.215 metros de altitude onde paramos por volta das duas horas da tarde. Os acampamentos não possuíam nenhum tipo de energia elétrica a não ser de nossas lanternas e os banheiros não tinham vasos sanitários, apenas um buraco com suporte para colocar os pés onde tínhamos que agachar de cócoras e assim fazer as necessidades, como também três dias sem banho onde lenço umedecido ajudou muito.

Foi um privilégio poder seguir no percurso do caminho sagrado dos Incas, caminhos de pedras que volta e meia se serpenteava sobre desfiladeiros e abismos entre subidas e descidas com uma visão exuberante das montanhas que exalavam sua imponência. A riqueza da biodiversidade que a natureza nos apresentava a cada passo, mesclando temperaturas quentes e frias em fração de segundos com a agradável presença da chuva. Sítios arqueológicos que nos contavam um pouco de suas histórias, instigando nossa imaginação como que um complemento a mais sobre seus estilos de vida. Minha imensa gratidão ao grupo de pessoas que fizemos parte e intitulamos o nome do grupo de El Condors, que estava composto por brasileiros, argentinos, americanos, espanhóis, holandeses e os nativos que se dividiam entre os guias, cozinheiros e grupo de carregadores (pessoas especiais).

Ao chegarmos no vale sagrado de Machu Picchu tivemos duas horas de visitação guiada pelos próprios guias da trilha, depois disso tínhamos o tempo livre para caminhar sobre a cidade Inca. Confesso que já não tinha mais forças em minhas pernas para andar, porém, fechamos no pacote da trilha à subida a clássica montanha Huayna Picchu. Quando cheguei ao vale já tinha comigo que deixaria de subir na montanha, mas depois de saber que alguns integrantes do grupo também desbravariam a façanha de conquistar o topo, acabei me animando e claro que com mais um pouco de combustível, as milagrosas folhas de coca, sem elas jamais conseguiria. As hojas de coca (assim chamada pelos nativos) têm um valor benéfico à saúde e serve como alimento e de uso medicamentoso quando consumida em seu estado natural. No meu caso tirou o cansaço, a fome e sede e o frio como também um alívio nos efeitos da altitude, fatores essências para quem vai fazer essa trilha que exige muito da gente.

Gratidão Pachamama!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

amizade com mais de 20 anos...

Natural
O sorriso estampado em sua cara
Essa é a tua marca registrada
Batalhador de longas estradas
Encara com disposição as jornadas

De gazetinha e mais rápido que e-mail
Eis que um dia virou a própria notícia
Se ligou que a sacada é sair de cena
Na boca dos repentistas virou gugu

Sai dessa vida
Vai pra outra batida
O que passou é sem volta
Agora vai se abrir a lua nova

Bolinha sempre quicando de lá para cá
Aprendendo todavia com os cara natural
Está sempre bem ligado nas inventadas
Figurinha marcada das mais carimbadas

Vem aprendendo educar a criança interior
Até um dia assim sanar toda a sua dor
O que mais vale é poder dar risada
Um antídoto que digere como piada

Conversa com os índios
Escuta integrantes de tribos
Ensinamentos do mundo das idéias
Filosofia praticada desde os tempos

Vem lapidando a força da bruteza
Empenhado em conquistar a sutileza
Pedra dura tanto bate até que ela fura
Com paciência sabe que o tempo traz cura

Dono de um coração que jorra sentimento
Foi despido para assim começar do zero
Uma das receitas é estar bem vacinado
Graças à espiritualidade está vencendo

Hoje começa a respirar um novo ar
Pronto para recomeçar em seu lar
Depois de um belo banho de mar
Lava a alma para aí assim andar

Jan.\2015